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A importância do planejamento integrado na construção civil


Professor Dr. Glauco G. M. P. da Silva Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas da UFSC

A construção civil é um setor importante na economia do país e que carece de estruturação de seus processos nos mais diversos níveis, sejam eles de comercialização, projeto, planejamento, ou operações. Dentre estes processos o planejamento merece especial atenção, dadas às características intrínsecas deste tipo de indústria. Como características internas dos empreendimentos, pode-se citar a variabilidade do processo como um aspecto que dificulta o estabelecimento de datas e encadeamento das atividades a serem realizadas.

A informalidade e falta de estruturação na comunicação nos diversos níveis do negócio, dificulta a visualização e antecipação de problemas. E o planejamento realizado considerando atividades-macro, sem um maior detalhamento, perdendo-se o controle do que se deve ser realizado. Como aspectos externos têm-se as mudanças no processo de capitalização para investimentos, como o acesso ao crédito. Ou ainda mudanças no mercado comprador, que podem interferir nas vendas e consequentemente no fluxo de caixa, impactando diretamente no cronograma físico-financeiro.

As características citadas fazem com que o planejamento na construção civil deva ser estruturado em seus diversos níveis. Desde o estratégico, mais amplo, passando pelo tático de médio prazo para antecipação de problemas e revisões, e chegando ao nível operacional que controla as atividades no curto prazo. Os canais de comunicação entre os atores destes planejamentos devem ser ágeis e sistematizados, promovendo a integração completa, resultando em um planejamento mais eficiente e aderente ao que acontece na realidade.

No nível estratégico se definem os objetivos estratégicos da obra. Isto envolve a definição de datas de entrega e das macro etapas a serem executadas. No aspecto financeiro analisa-se o fluxo de caixa do empreendimento, a fim de garantir a rentabilidade do negócio. Estes planos são usados para elaboração dos contratos de prestação de serviços, projeção de resultados financeiros e negociação com os fornecedores.

Nesta etapa é estabelecido o ritmo de trabalho, que deve levar em consideração a data final de entrega do empreendimento, e na sequência são dimensionadas as equipes de trabalho. Como ferramentas utilizadas neste nível têm-se PERT (Program Evaluation and Review Technique), CPM (Critical Path Method), e Linhas de Balanço para empreendimentos com característica de repetitividade.

O plano de médio prazo tem fins táticos e faz com que as decisões tomadas no nível estratégico cheguem até o nível operacional. Neste nível os gerentes monitoram o andamento do empreendimento e cuidam para que não haja restrições para o cumprimento do plano estabelecido em um horizonte de semanas a frente, como, por exemplo, a falta de materiais.

Este planejamento é normalmente chamado de Look Ahead Planning (planejamento olhando pra frente) onde o profissional realiza o processo em ciclos, desmembrando as macro etapas em unidades menores, verificando com mais rigor as precedências entre as atividades, movimentações de materiais e mão-de-obra, maquinário necessário e etc. Estudos afirmam que mais da metade dos problemas que ocorrem do curto prazo tem origem em atividades que foram realizadas erroneamente, ou não foram realizadas no médio prazo.

No curto prazo é quando se designam as atividades ou pacotes de serviços às equipes de trabalho, estabelecendo as sequências prazos e metas. Este planejamento é denominado de Last Planner (ou último planejador), que tem a função de coordenar a força de trabalho e garantir que todo o planejamento executado nos níveis anteriores seja concretizado.

Além do planejamento dos pacotes de serviço, nesta etapa também ocorrem as atividades de controle, quando se afere como foi realizado o cumprimento do planejamento anterior. Caso tenha havido algum problema este deve ser registrado e discutido, para que se evitem novos erros relacionados. Um indicador utilizado nesta etapa é o Percentual de Planejamento Concluído (PPC), que indica quanto do planejamento original está sendo realmente cumprido. A análise histórica deste indicador deve servir como subsídio para avaliar a eficiência das equipes de trabalho e também do próprio planejamento, a fim de melhorar estes processos e garantir maior aderência entre o planejado e executado.

Obviamente que a implantação desta estrutura de planejamento requer muito esforço por parte das pessoas envolvidas em todos os níveis. E quase sempre requer uma mudança de comportamento e cultura da organização, algo que não se consegue do dia para a noite. Porém uma vez vencidas as barreiras, abre-se caminho para uma melhor estabilidade nos empreendimentos, e o atingimento das metas de prazos e resultados financeiros.

Fonte: CREA-SC - Site: http://www.crea-sc.org.br/portal/index.php?cmd=artigos-detalhe&id=3372#.WN5Tgm_yvcc; Acesso 31/03/2017 ás 10h01min.


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